Quem já morou longe de casa vai entender bem do que vou falar - e por longe me refiro a terras distantes, Matinhos não conta. Morar fora é adquirir uma segunda casa. Ou terceira, quarta, quinta, no caso de quem faz mochilão (incluindo aí nós, viajantes de malas de rodinhas que temos HORROR a roupa amassada entrochada nessas mochilas de 80 litros. Nem por isso deixamos de ser mochileiras. E passa pra cá meu secador.)
O mochileiro é um nômade curioso, com sede de cultura. Mas que eventualmente acaba voltando para uma casa. O que, num primeiro momento, parece uma delícia, "voltar pra casa depois de uma longa viagem".
A cada cidade que visitamos, a cada pessoa que conhecemos, deixamos um pedaço de nós mesmos. E quando voltamos, já não somos a mesma pessoa. A casa pode ser a mesma, mas você não é. E daí você quer voltar para a outra casa, aquela, a casa nômade, a casa-mochila.
Antes de passar esses dois anos na Espanha eu jurava que Zapatero era alguma marca de calçados. Barcelona era uma cidade da moda que todo playboy ia quando voltava de Ibiza. Música em espanhol se resumia a Juanes e Calle 13 (ahá, acharam que eu ia dizer Alejandro Sanz, neam). Agora, tudo que é relacionado a essa minha segunda casa, me arrepia, me toca a alma. Seja o Messi no Barça de los cojones ou a entrega dos prêmios Goya, apresentado pelo digníssimo Buenafuente. E graças ao playlist da Rádio Espanha (ótimo programa da Mundo Livre FM, aos sábados, meio-dia), fico vidrada em um monte de bandas hispânicas que não conhecia - sim, porque enquanto morava lá eu escutava a rádio do albergue, voltada pra gringos. SUPER.
Só tem uma mùsica que não me sai da cabeça, e isso já tem um ano. E acho que cai bem como trilha sonora desse post. Resta saber qual "home" eu me refiro.
Verdade, Camila, essa sensação de estar em casa multiplica por um monte, depois que se viaja e mora fora, para além de Matinhos.
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